CENA I

Ana: Todos os dias, acordo, tomo café, e vou à pé ao escritório. Trabalho como arquivista. Minha sala é pequena, um cubículo, com mesa cadeira e computador. Sem janelas. Sem Ventiladores. Trabalho nesta mesma empresa há 5 anos. 5 anos, nenhuma mudança. Na volta eu gosto de passar no bar, sempre peço uma dose de pinga. Apenas uma dose. Foi no bar que eu conheci o Fábio. Ele é garçom, tem uma voz grave, tatuagem no braço esquerdo, alto. Nos dias mais depressivos da semana, o desejo. Sempre o desejo. Quando não vou ao bar fico entediada. Quando tenho companhia, vou ao cinema. Já me esqueci a ultima vez que entrei em um cinema.

CRIANÇA

"E então a magia se construiu através do olhar sonhador de uma criança"

CENA IV

Sozinho desenho aviões que nunca irão voar. Sozinho imagino, e crio diálogos que nunca serão ditos. Sozinho, estou na solidão. Solidão não opcional. Solidão imposta. Solidão. Quero ser procurado, quero ser desvendado. Eu lhe dou, dinheiro, prazer, diversão, mas me dê amor.